15 de dezembro de 2021
Advogado que ostenta vida de luxo nas redes sociais é acusado de tirar dinheiro indevido de clientes em MT
Marcos Vinícius Borges alegava aos clientes que precisava de dinheiro extra para pagar propina à polícia e obter vantagem nos casos em que atuava. Sindicato fez ato nessa terça-feira para cobrar providências da OAB.
Por: G1 MT
O advogado Marcos Vinícius Borges é acusado de obter vantagem de clientes ao cobrar valores acima dos honorários previstos com a justificativa de que o dinheiro seria utilizado para pagar propina a policiais e delegados em Sinop, a 500 km de Cuiabá. Marcos responde a um processo e está sendo alvo de protesto por parte dos policiais que estão revoltados com o caso
Nas redes sociais, o advogado ostenta uma vida de luxo.
O g1 tentou entrar em contato com o advogado pelo celular fornecido por ele na ação, mas a pessoa que atendeu disse que o celular era de uma funerária. Já o e-mail, também citado como contato dele na ação, consta como inexistente.
Nesta quarta-feira (15), a reportagem tentou contato com ele, novamente, por meio de outro telefone, mas ele atendeu e desligou, várias vezes. Assim que obtiver o retorno do réu, o posicionamento dele será acrescentado à matéria.
Nessa terça-feira (14), uma manifestação realizada em frente à Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), em Sinop.
“Fui acionado pelos policiais de Sinop para acompanhar a situação envolvendo o advogado Marcos Vinicius Borges. Consta que o referido advogado tem o costume de captar clientes indevidamente no interior da delegacia se utilizando artifícios antiéticos, provocando situações de afronta e desrespeito aos policiais que exigem o cumprimento das normas”, disse o presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de Mato Grosso, Glaucio Castanõn.
Ele disse que o advogado já provocou discussão e atritos com vários policiais. “Ele tem a prática de após provocar iniciar gravação de vídeos os quais são manipulados e publicados em redes sociais, além disso ele responde a processos judiciais e existem várias denúncias que ainda estão sendo investigadas, explicou Castanõn.
A ação corre desde 2018, quando Marcos Vinícius foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por supostamente ter se aproveitado da condição dos clientes por, pelo menos, três vezes.
Em um dos casos, o MPE relata que o advogado cobrou R$ 3 mil para liberar um cliente preso por conduzir veículo embriagado. A vítima alegou não ter o dinheiro, mas ofereceu uma moto, avaliada na época em R$ 20 mil.
“Na ocasião, Marcos Vinícius, para buscar convencer a vítima e justificar o alto valor, alegou que parte do dinheiro também seria repassado aos policiais responsáveis do plantão para adiantarem e facilitarem sua soltura”, relatou a promotora Roberta Cheregati Sanches.
Nas duas situações seguintes relatadas pela promotora, o advogado agia da mesma forma.
Segundo o MP, quando os clientes se recusavam a pagar valores destinados como “gorjeta para dar aos policiais que estariam de plantão para fazerem vistas grossas”, ele ligava para familiares.
No dia 25, o juiz Mário Augusto Machado rejeitou um recurso impetrado por Marcos Vinícius e marcou audiência de instrução e julgamento para o dia 8 de fevereiro de 2022.