10 de maio de 2021
Covid-19: Estudo coordenado pela Fiocruz mostra que crianças têm baixa taxa de transmissão a adultos
Por: Ana Lucia Azevedo
RIO – Após mais de um ano de pandemia, ainda não está totalmente esclarecido o papel das crianças na propagação do coronavírus. Mas um novo estudo de cientistas brasileiros e estrangeiros constata: elas têm maior probabilidade de serem infectadas por adultos do que de transmitirem a Covid-19 para eles — ou seja, menos chance de passar o vírus adiante. Informação preciosa, tanto para traçar estratégias de reabertura de escolas quanto para ampliação de planos de vacinação.
Os pesquisadores investigaram a transmissão da Covid-19 na comunidade de Manguinhos, de maio a setembro de 2020, e mostram que todas as crianças que testaram positivo para o Sars-CoV-2 haviam tido contato com adultos ou adolescentes com sintomas de Covid-19. A coordenadora do estudo, Patrícia Brasil, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, ressalta que os dados se referem a um momento diferente da pandemia, quando a variante P.1, mais transmissível e hoje dominante, ainda não havia surgido. O distanciamento social também era maior do que agora.
— Ainda assim não faz sentido manter as escolas fechadas com o restante da economia aberta — diz a cientista. — A vacinação dos profissionais de educação, no entanto, é essencial para a reabertura.
No início da pandemia, se acreditava que, a exemplo do que ocorre com a gripe e outras viroses respiratórias, as crianças poderiam ser grandes transmissoras de Covid-19. Contribui para isso o fato de que elas apresentam poucos sintomas e não conseguem seguir como os adultos medidas de higiene e de distanciamento social.
Mas, na prática, não se observou um papel significativo das crianças na propagação da pandemia, embora as escolas tenham permanecido fechadas. As crianças tampouco adoecem significativamente com o coronavírus e são o grupo menos atingido pela pandemia.
Os pesquisadores investigaram a transmissão da Covid-19 na comunidade de Manguinhos, de maio a setembro de 2020, e mostram que todas as crianças que testaram positivo para o Sars-CoV-2 haviam tido contato com adultos ou adolescentes com sintomas de Covid-19. A coordenadora do estudo, Patrícia Brasil, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, ressalta que os dados se referem a um momento diferente da pandemia, quando a variante P.1, mais transmissível e hoje dominante, ainda não havia surgido. O distanciamento social também era maior do que agora.
— Ainda assim não faz sentido manter as escolas fechadas com o restante da economia aberta — diz a cientista. — A vacinação dos profissionais de educação, no entanto, é essencial para a reabertura.
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No início da pandemia, se acreditava que, a exemplo do que ocorre com a gripe e outras viroses respiratórias, as crianças poderiam ser grandes transmissoras de Covid-19. Contribui para isso o fato de que elas apresentam poucos sintomas e não conseguem seguir como os adultos medidas de higiene e de distanciamento social.
Mas, na prática, não se observou um papel significativo das crianças na propagação da pandemia, embora as escolas tenham permanecido fechadas. As crianças tampouco adoecem significativamente com o coronavírus e são o grupo menos atingido pela pandemia.
Intitulado “A dinâmica da infecção de Sars-CoV-2 em crianças e contatos domiciliares numa comunidade pobre do Rio de Janeiro”, o estudo analisou dados de 323 crianças (de 0 a 13 anos), 54 adolescentes (14 a 19 anos) e 290 adultos. A base da pesquisa foi o acompanhamento de crianças atendidas no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), em Manguinhos. Foram 45 crianças que testaram positivo para o Sars-CoV-2 (13,9% do total).
Os cientistas fizeram visitas às residências dessas crianças e as testaram com PCR (para detectar o coronavírus) e sorologia (em busca de anticorpos que revelassem exposição ao Sars-CoV-2). Adultos e adolescentes que moravam com as crianças atendidas também foram testados.
A hipótese dos pesquisadores era a de que se a transmissão fosse principalmente de adultos e adolescentes para crianças, eles teriam anticorpos antes delas. Foi exatamente o que ocorreu.
Vacinação infantil
Os cientistas ressaltam que mesmo não tendo papel importante na transmissão da Covid-19, é preciso incluir as crianças nos ensaios clínicos de imunizantes.
— Se os adultos forem imunizados e as crianças não, elas podem continuar a perpetuar a epidemia — explica Patrícia Brasil.
Os pesquisadores lembram ainda que em países de alta incidência da Covid-19, como o Brasil, é preciso imunizar no mínimo 85% da população para de fato conter a pandemia. E esse percentual só será alcançado com a inclusão de crianças no programa de vacinação. No Brasil, 25% da população têm menos de 18 anos.
Atualmente, nenhuma das vacinas contra a Covid-19 foi aprovada para crianças. Elas não participaram dos ensaios clínicos por razão lógica: não são parte dos grupos prioritários. No entanto, os fabricantes de alguns dos imunizantes já iniciaram testes com crianças.
A Pfizer/BioNTech anunciou que pedirá autorização à agência reguladora europeia para vacinar, a partir de junho, a faixa etária entre 12 e 15 anos — que já recebe doses no Canadá. E a Pfizer espera para julho os resultados dos testes com o imunizante em crianças de 5 a 12 anos. Para setembro, por sua vez, estão previstos os resultados dos ensaios clínicos com bebês a partir de seis meses de idade.