20 de dezembro de 2024
Disfonia por tensão muscular: entenda a condição que impediu atriz de falar
Por: Istoé Gente
A atriz Kimberly Williams-Paisley revelou recentemente que passou dois anos sem conseguir falar por causa de um problema de saúde nas cordas vocais, a disfonia por tensão muscular, e que para solucionar o problema, ela precisou passar por uma laringoplastia.
Para entender melhor a condição, o site IstoÉ Gente entrou em contato com a fonoaudióloga Juliana Venites, membro do conselho regional de fonoaudiologia de São Paulo.
“Disfonia por tensão muscular é um problema na voz ocasionado pelo excesso de tensão de força na região do pescoço”, começa a profissional. “Esse excesso de força vai fazer com que as cordas vocais, que nós chamamos de pregas vocais, não funcionem direito, não façam o fechamento adequado, gerando uma dificuldade na produção da voz”, complementa.
A especialista conta que há dois tipos de disfonia muscular. Na primeira, apesar de ter uma alteração na voz, os exames de laringoscopia não identificam nenhum prejuízo na musculatura. Já na segunda, existem alguns danos nos tecidos, com calos machucando as cordas vocais, por exemplo.
Sintomas
O principal sinal que uma pessoa precisa se atentar é a dificuldade de produzir a voz, mas ainda existem outros sintomas que podem ajudar a identificar a condição.
“Pescoço muito tenso. Nós conseguimos observar até sulcos, a musculatura muito marcada do pescoço, a cabeça pode ter desvios para um lado ou para o outro, e também o paciente pode ter dificuldade para abrir a boca”, conta.
“Essa tensão pode se projetar para o rosto com dificuldade também de abrir e fechar a boca na sua condição máxima. A condição se desenvolve porque há tanta tensão na musculatura do pescoço, tanto na musculatura externa quanto na musculatura interna, que a laringe e as pregas vocais também ficam tensas”, segue.
“Pra que a nossa voz seja produzida, a corda vocal ou a prega vocal direita, ela tem que encostar no eixo médio com a prega vocal esquerda. Uma encosta na outra, fazendo um movimento ondulatório e isso é que faz a voz ser produzida”, completa.
No caso da atriz, quando diagnosticada com a disfonia, ela contou que sua corda vocal esquerda não estava encontrando a direita, possivelmente o resultado de um vírus, o que a impedia de conseguir falar.
A profissional ainda explica que o paciente com a disfonia sente muita dor e cansaço ao falar, tendo que utilizar uma voz que está muito tensa, rugosa, e que não é agradável de se ouvir.
Tratamento
Na sequência, Juliana Venites detalha um pouco mais sobre como funciona o tratamento para essa condição.
“Nós podemos dividir o tratamento fono em dois: terapia direta e indireta. Na direta, vamos fazer exercícios junto ao paciente, com o objetivo de diminuir essa tensão muscular através do relaxamento e recursos terapêuticos, como a fotobiomodulação”, conta.
“Na indireta, vamos investigar quais são os hábitos que são nocivos à voz e que podem estar causando essa disfonia por tensão muscular, o que faz bem, o que faz mal para a voz e também todas as implicações psicossomáticas que podem acontecer nesses casos”, completa.
Por conta da voz do paciente não ser agradável para o ouvinte, muitas vezes ele vai escolher se isolar e evitar situações de comunicação, atingindo a questão psicológica.
Diagnóstico
O médico otorrinolaringologista será o responsável por diagnosticar e medicar o paciente, porque muitas vezes existem lesões nas cordas vocais e em outras áreas da laringe. Mesmo assim, o tratamento com os exercícios, a terapia direta e indireta com o fonoaudiólogo continua sendo fundamental.
Por fim, Juliana faz um alerta: “É muito importante ficar atento e procurar um médico otorrinolaringologista. Ele vai encaminhar a pessoa para uma terapia fonoaudiológica, se for necessário, pra medicação e às vezes até um caso cirúrgico”.
“As pessoas devem prestar atenção na sua própria voz. Essa sensação de garganta presa, dor pra falar, cansaço ou fadiga, alteração na voz, são condições que às vezes nós achamos que é normal ou que vai passar, mas quanto mais tempo esperar, maior é a chance da ter essa tensão que lesiona os tecidos.“
* Juliana Venites, é ex-presidente do departamento de Gerontologia da Gerontologia do Estado de São Paulo, membro da sociedade brasileira de fonoaudióloga e do conselho regional de fonoaudióloga de São Paulo.
*Estagiária sob supervisão