sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Reprodução Instagram

Por: Flávia Muniz, Gshow
Artistas nordestinos gravaram uma música em homenagem à maquiadora e advogada paraibana Juliette Freire, do BBB21. O xote “Errante”, da cantora Bruna Ene, tem poema de Bráulio Bessa e acompanhamento do sanfoneiro Waldonys, afilhado de Luiz Gonzaga.

O clipe lançado nesta sexta-feira, 9/4, ao meio-dia no canal da cantora – que o Gshow mostra um trecho com exclusividade – traz letra repleta de referências à sister, com frases ditas por ela no programa: “Não me vendo nem por um milhão e meio”, “deixe que eu faço meu cuscuz”, “pois sei maquiar o meu rosto, mas não a personalidade”, além do bordão “tchurubei, tchurubai”.

“Juliette é minha participante favorita do BBB e tornou-se um símbolo para nossa região, assim como Bráulio é esse símbolo para os nordestinos. Temos um querido amigo em comum, Marcelo Vieira, e ele se tornou a ponte entre a música e a poesia”, conta Bruna.

A letra estava quase pronta quando foi sugerido à cantora que ela incluísse um poema de Bráulio. Ao Gshow, o poeta explica como se deu essa parceria: “Marcelo me mandou a canção de Bruna, que tinha um espaço sem voz, e disse que sugeriu à ela colocar um poema meu ali. Quando vi a letra, achei incrível porque ela é como um hino, é um grito muito forte.”

“Ela pega a Juliette, que é uma figura que está com toda essa visibilidade, como um símbolo da mulher nordestina, brasileira, valente e que enfrenta tanta coisa. Eu havia escrito o poema recentemente, que fala sobre esse orgulho de ser o que se é, dessa soma que faz o nordestino ser tão grande. Mandei o poema, Bruna gostou e acho que temperou o que já estava gostoso.”

Fã de BBB, a cantora diz que se sentiu motivada a escrever a letra a partir de situações vividas na casa: “Vendo o que Juliette passa e a maneira como ela lida com tudo e com todos, ficou impossível não me inspirar.”

“Juliette é a cara de tudo o que eu conheço como nordestina. O jeito de falar, de brincar, a simplicidade, a vontade de entender e ser entendida… Os episódios de preconceito que sofreu, mantendo sempre a cabeça erguida e o bom humor. É como se já fosse uma grande amiga, e acho que essa é a sensação da maioria dos brasileiros que acompanha o BBB.”

No reality, a sister surpreendeu ao mostrar sua bela voz mais de uma vez, incluindo o dia em que cantou “Dona Cila”, de Maria Gadú, canção que ela escolheu para homenagear a irmã que faleceu. Mesmo com Juliette ainda na disputa, Bruna já fez o convite para um dueto com a paraibana:

“A agenda vai estar lotada quando ela sair do programa (e se Deus quiser, campeã). São inúmeros os artistas que querem gravar com Juliette e, com certeza, seria o máximo viver essa experiência. O convite já está feito, mas eu também já fico feliz se ela simplesmente gostar da música.”

Esse momento de cantoria da advogada no programa também tocou Bráulio profundamente:

“Quando ela falou da morte da irmã e cantou ‘Dona Cila’ foi um momento puro, no qual mostrou vulnerabilidade e muita força ao mesmo tempo. É exatamente isso o que ela passa, essa coisa da bravura e da doçura. Ali, ela transmitiu isso. Fiquei muito emocionado.”

Sobre a representatividade causada pela advogada em rede nacional, o poeta afirma que todo nordestino tem um sentimento de irmandade:

“E de acolhimento, que vem desse histórico cruel de, por tanto tempo, nosso povo ter tido que sair de sua terra para tentar a vida fora. Por isso, é tão natural que se sinta representado quando surge um nome que ganha todo esse destaque.”
“Eu passo muito por isso. Sinto esse carinho desde que, de repente, tive a oportunidade de estar na televisão declamando poesia popular nordestina. Acho que acontece algo parecido com a Juliette, porque ela é povo, ela é um grão de areia desse grande universo que é o Nordeste.”

“O fato de estar lá, de levar cenas do cotidiano dela para dentro do programa, faz com que as pessoas se sintam representadas. Ela virou símbolo de nordestinidade. Isso é bonito e necessário.”

Torcedora declarada, Bruna conta que não se cansa de votar quando a paraibana está emparedada, para ela continuar no jogo: “Nas vezes em que encarou o paredão, eu virei noite em mutirões de votação e fazendo campanha através das minhas redes sociais. É incrível a paixão que o BBB desperta na gente. Parece final de Copa do Mundo.”

Cantora e compositora cearense, Bruna iniciou sua carreira solo em 2018. No ano seguinte, lançou o single “Somos Um Só”, que retrata o momento vivido durante a pandemia. Com a visibilidade, a artista também já fez parceria com a cantora Solange Almeida.

Vale lembrar que essa não é a primeira música composta e dedicada para Juliette. O compositor Shylton Fernandes, autor de vários sucessos de bandas de forró do Nordeste e de duplas sertanejas, também escreveu uma música para a sister e declarou ao Gshow: “Quero ela como intérprete e estrela do clipe”.

Confira a letra de ‘Errante’
Não me calo pra injustiça
Não rejeito o desprezado
Não aponto um dedo que vem outros quatro me apontar

Não desvio dos valores que preenchem o meu seio
Não me vendo nem por um milhão e meio

Não zombe do meu sotaque
Não me venha com ataque
Que sem levantar minha voz eu me faço escutar

E enquanto você me julga
Não tente apagar minha luz
E deixe que eu faço o meu cuscuz

Eu me reconheço errante
E aprendi a perdoar
Quem do erro do outro sou eu pra julgar?

Vou fazendo a minha parte
Espalhando compaixão
Onde há falsidade eu sou só coração

Eu sou Nordestino
Gentil, educado
E amo a cultura
De cada estado
repare, são nove
sou miscigenado
e tenho orgulho
De ser misturado

Misturo o brega,
o funk, o xaxado
Misturo o Axé
com forró arrochado
Misturo repente
com Jorge Amado
E surfo nas ondas
do sertão rachado

Quem parte daqui
peleja dobrado
pra ter o direito
de ser respeitado
Mas o preconceito
já estruturado
agride, maltrata
por tudo que é lado
Gritando o sussurro
do ódio velado
igual faca cega
de corte afiado

Por isso meu verso
é punhal amolado
que fura, que grita
não fica calado
Não baixa a cabeça
não é dominado
E nessa batalha
sou pós-graduado
Quem quer me tombar
Acaba tombado

Não há nada que ensine mais do que a simplicidade
E a peixeira que corta o mal
É a sinceridade

Mainha desde muito cedo sempre me dizia
Por onde andar eu te peço, minha filha
Ande junto com a verdade

E eu fui crescendo e valorizando amizade
Pois sei maquiar o meu rosto
Mas não a personalidade

Mais que Romeu ama Julieta
Eu amo meu Nordeste
Não esqueça, o meu nome é Juliette

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