23 de julho de 2024
China pode implementar ‘green cards’ para recrutar cientistas de todo o mundo
Autoridades estão pensando em facilitar a vida e o trabalho dos pesquisadores estrangeiros no país, no entanto, falta de transparência ainda causa desconfianças
Por: A Referencia
A China está avaliando alterações em seu sistema de imigração para atrair mais cientistas estrangeiros, como a oferta de residência permanente. As informações são do South China Morning Post.
Após o terceiro plenário da semana passada, uma importante reunião política, o Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou em uma resolução que pretende “aperfeiçoar os mecanismos de apoio ao recrutamento de talentos internacionais e estabelecer sistemas de pessoal altamente competitivos”.
A resolução também mencionou a exploração de métodos para criar um sistema de imigração voltado para profissionais altamente qualificados.
Em um documento publicado nesta segunda-feira (22), o presidente Xi Jinping afirmou que a “capacidade de inovação do país não está alinhada com as exigências para um desenvolvimento de alta qualidade” e destacou que a nação depende excessivamente de tecnologias fundamentais controladas por outros.
Alexey Kavokin, físico teórico russo-francês e diretor do Centro Internacional de Polaritônica da Universidade Westlake, na província de Zhejiang, afirmou que ficaria muito satisfeito com a introdução de um programa de green card chinês semelhante ao dos EUA.
Kavokin expressou que ficaria “encantado” com um green card chinês, mencionando que atualmente possui uma autorização de residência e de trabalho, cuja renovação não tem sido fácil.
Ele comentou que sua experiência revelou várias dificuldades para estrangeiros na China, como atrasos no pagamento de salários, necessidade de permissão para viagens internacionais e a possibilidade de congelamento de fundos sem aviso ou explicação. Além disso, destacou que as sanções internacionais impedem cidadãos russos, como ele, de transferir dinheiro para fora do país.
Kavokin afirmou que falta transparência no sistema de tomada de decisão na China e frequentemente os funcionários administrativos evitam assumir responsabilidades, com solicitações sendo transferidas interminavelmente entre departamentos. Ele destacou que regras e políticas são frequentemente criadas para casos específicos e rapidamente esquecidas. O estudioso sugeriu que mais transparência e melhor comunicação entre cientistas estrangeiros e funcionários administrativos poderiam ajudar a reduzir a desconfiança mútua.
Apesar das dificuldades, Kavokin afirmou que “a China está rapidamente se tornando uma superpotência científica, com grandes avanços em muitos campos de pesquisa, e é gratificante fazer parte disso”.
Fan Xiulin, pesquisador da Universidade de Zhejiang que já residiu nos EUA, afirmou que muitas das instalações científicas na China são comparáveis ou até superiores às encontradas na América e na Europa.
Fan também mencionou que a baixa taxa de criminalidade é um atrativo adicional. “Depois de ter vivido nos Estados Unidos por cerca de seis anos, eu pessoalmente acredito que há outra vantagem para atrair talentos internacionais: o país é muito mais seguro do ponto de vista da segurança pessoal em comparação com os Estados Unidos”.
A resolução apresentada por Beijingtambém prometeu aumentar o desenvolvimento de pesquisadores nacionais, focando na identificação, seleção e treinamento de jovens inovadores, além de garantir melhores salários e benefícios para cientistas e engenheiros jovens.