10 de março de 2025
Cantor iraniano recebe 74 chibatadas por apoiar protestos contra o hijab
Mehdi Yarrahi foi preso em 2023 após lançar uma música incentivando as mulheres a removerem o véu islâmico obrigatório no Irã
WikiCommons

Por: A Referencia
Mehdi Yarrahi, renomado músico iraniano, foi submetido a 74 chicotadas como parte de sua punição por apoiar protestos contra o uso obrigatório do hijab no Irã. A informação foi confirmada por sua advogada, Zahra Minoui, em uma publicação no X nesta quarta-feira (6). As informações são da CNN.
Yarrahi, de 42 anos, foi preso em agosto de 2023 e condenado pelo Tribunal Revolucionário de Teerã a dois anos e oito meses de prisão, além do castigo corporal. No entanto, cumpriu apenas um ano da pena e recebeu uma multa, além das chibatadas, que foram “totalmente implementadas”, segundo sua advogada.
O cantor foi acusado de “lançar uma música ilegal que é contra a moral e os costumes da sociedade islâmica”, conforme relatado pela agência estatal IRNA. Quatro dias antes de sua detenção, Yarrahi havia divulgado a canção Roosarito — termo farsi para “seu lenço de cabeça” —, cuja letra incentivava mulheres a removerem o véu. “Tire seu lenço, o sol está se pondo. Tire seu lenço, deixe seu cabelo fluir”, diz um dos versos.
A prisão do artista ocorreu em meio ao crescente movimento de resistência contra as leis do hijab no país. Um mês depois, manifestações tomaram as ruas para marcar um ano da morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos que faleceu sob custódia da polícia moral iraniana após ser detida por supostamente usar o véu de maneira inadequada.
A repressão ao descumprimento da lei do hijab tem se intensificado. Em dezembro, a Anistia Internacional denunciou que o governo iraniano adotou medidas ainda mais severas, incluindo a imposição de penas de morte, açoites e longas sentenças de prisão para aqueles que desafiam a obrigatoriedade do véu.
O caso de Yarrahi não é isolado. Outros artistas e intelectuais também enfrentaram punições semelhantes no país. O cineasta Mohammad Rasoulof foi condenado, em maio do ano passado, a oito anos de prisão e açoitamento por supostos crimes contra a segurança nacional. Já em 2015, dois poetas iranianos receberam 99 chicotadas cada por apertarem as mãos de pessoas do sexo oposto, além de penas de prisão por “insultar o sagrado” em seus escritos.
Organizações de direitos humanos têm denunciado a utilização do açoitamento como instrumento de repressão política no Irã. Apesar das duras punições, manifestações e atos de desobediência civil continuam ocorrendo, desafiando a legislação imposta pelo regime.